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2013-01-04

Copérnico, Nicolau

Embora à primeira vista os nossos sentidos nos façam crer que o Sol gira em torno da Terra, todos sabemos que não é assim.

Contudo, no não muito longínquo ano de 1543, essa era a única teoria aceite e, ai daquele que ousasse afirmar o contrário.

Pelo receio de se expor ao desprezo do povo e, pior ainda, da igreja, Copérnico manteve secretamente em seu poder durante treze anos a sua extraordinária obra "As Revoluções dos Orbes Celestes" (De Revolutionibus Orbitum Coelestium), obra que veio questionar a teoria geocêntrica vigente, tal como fora estruturada por Aristóteles e Ptolomeu.

Em abono da verdade, Aristarco (310 a.c. - 230 a.c.) foi o primeiro cientista a fazê-lo, lançando a teoria heliocêntrica.

Foi no entanto necessário esperar mais de mil anos para que alguém o publicasse e assumisse publicamente.

Pelo apoio dado a esta teoria, conjuntamente com outras conjecturas como por exemplo a possível existência de outros mundos com vida inteligente, foi Giordano Bruno lançado para as chamas pela Inquisição em 1600...

Para além da formulação da teoria heliocêntrica, Copérnico também explicou cabalmente o porquê da existência das estações do ano, ordenou correctamente as órbitas dos planetas então conhecidos, esclareceu a retrogradação dos planetas, etc.

Nicolau Copérnico (Nikolaj Kpernik) nasceu em Toruń, na Polónia no ano de 1473, falecendo em 1543, ano da publicação de De Revolutionibus Orbitum Coelestium.

2012-12-27

Barragem Romana da Abobeleira - Chaves, PT

Zona envolvente da barragem (41º 45' 20,78'' N 7º 29' 24,24'' W)
Nos arredores de Chaves, mais precisamente na direção nor-noroeste, perto da localidade de Abobeleira, existem vestígios de uma barragem construída pelos romanos no século I DC, barragem essa que fazia parte de um conjunto de captações de água que abasteciam a Civitas de Aquae Flaviae.
Das estruturas então existentes restam somente os encontros do paredão que fechava o vale e, a jusante, vestígios do aqueduto que conduzia a água até à cidade.

Vestígios do aqueduto (41º 45' 22,30'' N 7º 29' 25,08'' W)
De acordo com as escavações e observações efetuadas nos finais do século passado, a barragem seria constituída por um dique de retenção das águas com uma altura estimada de 17 metros e um vão de aproximadamente 90 metros. A estrutura do paredão, com uma largura total superior a 7 m, era composta por quatro muros paralelos, com uma espessura de 60 cm, construídos com blocos graníticos em opus incertum e ligados por opus caementicium, em dupla face, sendo o alicerce assente sobre entalhes efetuados no afloramento rochoso. Os muros dispostos radialmente a partir do topo da encosta, eram travados internamente por contrafortes, igualmente construídos com blocos graníticos, sendo o espaço entre estes, que varia entre 1,4 e 2 m, preenchido com terra compactada e argila.

Bacia da albufeira e respetivo aqueduto (à direita)

Desde 1992 que está classificada como imóvel de interesse público (Decreto nº 26-A/92, DR, 1.ª série-B, n.º 126 de 01 junho 1992).

Foto das escavações efectuadas nos finais da década de 1980
Durante a visita efetuada a 27 de dezembro de 2012, pude constatar o abandono a que o local está votado, repleto de vegetação invasora e sem qualquer referência alusiva ao monumento, conforme se pode constatar pelas imagens.





2012-11-24

Balneário Pré-Romano de Bracara

Pátio de acesso e sala de transição

Descoberto durante as obras de construção da nova estação ferroviária de Braga, este balneário terá sido edificado durante a época pré-romana. 
Infelizmente, dada a feroz resistência à ocupação romana, muitos castros e obras dessa época foram destruídos como represália.
Este balneário, do qual resta sómente a parte inferior e algumas paredes, foi construído de forma tripartida, como usual:
- Sala da sauna, com forno adjacente;
- Sala intermédia de transição e
- Pátio de acesso

No forno as pedras eram aquecidas, vertendo-se água sobra as mesmas, de modo a produzir vapor para a sauna.
Entre o compartimento da sauna e a sala de transição ergue-se uma pedra, talhada num único bloco, com uma abertura circular de reduzidas dimensões, para evitar a saída do calor, mas suficiente para a passagem de uma pessoa.
   
Sala da sauna

No pátio havia água corrente destinada aos banhos frios e às lavagens periódicas

Pátio de acesso e bacia de água corrente
A água provinha de uma linha de água do actual centro da cidade de Braga e corria até ao Rio Cávado.

Montagem tridimensional do complexo

2012-11-22

A pista do marroquí


1 de Julho de 1957, 13:40 horas. 
Francisco Franco, o caudilho, chega a Puebla de Sanabria. 
Esse dia tinha sido considerado feriado, de modo a que toda a gente pudesse deslocar-se às estações ferroviárias para aclamar Franco na sua passagem inaugurando o segundo tramo Puebla de Sanabria-Ourense, da linha Zamora - Ourense - La Corunha. 

Dias antes, o Governador Civil de Ourense distribuía o seguinte aviso: 
A todos cuantos habitan en las Comarcas, como un solo hombre y al frente de sus Alcaldes, Párrocos y Jerarquías, han de estar en las Estaciones desde las 3:30 de la tarde para saludar al Caudillo. Orensanos todos de la Ciudad y del Campo: El Generalísimo viene a Orense en revista a la provincia. Que nadie falte a la hora de su triunfo ¡Viva Franco! ¡Arriba España!

Franco viajaria numa carruagem especial, junto aos seus colaboradores. Havia também uma carruagem/restaurante, uma carruagem destinada às autoridades e mais quatro destinadas aos convidados, para além de uma carruagem de apoio. Na frente uma locomotiva Mikado deslocava o conjunto. 


Para trás tinham ficado a Guerra Civil Espanhola, o uso de presos políticos para escavar os perigosíssimos túneis, as lutas dos "carrillanos" em prol de melhores condições de trabalho... 
A obra era titânica, para as condições da época!



Agora era o momento de festejar!


Dada a orografia do terreno, era necessário criar vias de acesso aos locais de trabalho.


Uma dessas vias, construída para aceder ao troço que ia desde a estação de Albergueria-Prado até Toro, ficou desde então conhecida como a "pista do marroquí", dado que uma das últimas empresas envolvidas na construção da linha era do engenheiro Don Augusto Marroquí. 

Serviu não só para aceder aos trabalhos da via como também para enviar de volta os "carrellanos" falecidos com a violência do trabalho...

É esse troço que vou percorrer a pé no próximo dia 25 de Novembro, numa extensão aproximada de 20km, por zonas de rara beleza.


Sobre o mesmo, direi algo depois!

2012-09-30

Aquae Flaviae - Balneário Termal Romano

Largo do Arrabalde, Chaves

Há alguns anos, entendeu a Câmara Municipal de Chaves levar a cabo a construção de um parque de estacionamento no Largo do Arrabalde.

Fase inicial da prospecção
Atendendo à história da cidade, essencialmente no que à presença romana diz respeito, foram levados a efeito trabalhos prévios de prospecção do subsolo, tendo sido identificados vestígios que indiciavam a presença das termas da cidade romana de Aquae Flaviae
Como sequência, o gabinete de arqueologia da autarquia, sob a direcção do Dr. Sérgio Carneiro, assumiu a tarefa de escavação de todo o espaço destinado inicialmente à construção do referido parque de estacionamento, colocando a descoberto vestígios do balneário termal da antiga cidade romana.
Iniciadas as escavações, foram-se removendo cuidadosamente os estratos mais recentes, pondo a descoberto, numa fase inicial, parte da muralha defensiva da cidade.

Muralha da restauração, parcialmente assente
nos escombros da cobertura do balneário 
Constatou-se posteriormente que partes desta muralha estavam assentes em escombros, concluindo-se posteriormente, serem estes mesmos escombros o produto da derrocada da cobertura do… Balneário Termal Romano!

Panorâmica da zona escavada
Assim, e muito resumidamente, passo a detalhar algumas das principais descobertas na área escavada, que obviamente está condicionada à envolvente urbanística:

Ao nível construtivo
- Uma piscina de grandes dimensões (13,22 x 7,98 m) com cinco degraus no seu topo Norte;
- Uma outra piscina apenas parcialmente escavada mas da qual um dos lados deverá ter cerca de 8 m, com seis degraus a toda a volta;
- Um tanque pequeno, possivelmente para banhos individuais;
- Uma sala pavimentada com um ralo para escoamento de águas;
- A nascente das águas termais (água a 68º C);
- Um complexo sistema de condutas de entrada e saída das águas.   É de salientar novamente que todo este conjunto possuía uma cobertura, ao que tudo indica comparável à existente em Aquae Sulis na Britânia (actual Bath, Inglaterra).

Maqueta de Aquae Sulis
Relação de alguns dos objectos encontrados
Pirgo
- Um pirgo (torre para lançar dados de jogar) em opus interassile de bronze que constitui um dos três únicos exemplares deste tipo de objecto existentes no mundo (os outros dois encontram-se no Landesmuseum de Bona, na Alemanha e no Museu do Cairo, no Egipto);
- Um fragmento de cestaria forrada de cortiça que envolvia originalmente uma garrafa, de forma a conservar a temperatura da água no seu interior;
- Vários pentes em madeira;
- Uma turquês em ferro perfeitamente conservada;
- Uma ampulla (garrafa achatada e larga com duas asas) em madeira com uma inscrição no exterior
- Diversos objectos de adorno em madeira, metal e osso, como anéis, braceletes e pulseiras, contas em madeira osso vidro e cornalina;
- Etc. 

Dada a relevância da descoberta, o local foi já classificado como património nacional e vai em breve ser musealizado.

Antevisão do museu a edificar


2011-11-20

Ponte de Trajano - Chaves, PT

Ponte de Trajano - Ano de 2009
Introdução

O Império Romano, foi o grande precursor daquilo a que agora chamamos globalização.

A necessidade de conseguir um transporte rápido e eficaz de pessoas e bens ao longo do império, levou os romanos a construir uma rede viária extremamente eficiente e duradoura. Desde a Britannia ao Egipto, da Lusitania à Cappadocia, as vias romanas foram um dos pilares do seu sucesso.

Mapa da rede viária e principais centros urbanos
no noroeste da península na época romana
A via XVII do Itinerário de Antonino, que ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga), passando por Aquis Flaviis (Chaves), era parte integrante dessa grande malha viária e evidencia a importância atingida pela cidade nessa época.

A Ponte de Trajano, ex-líbris da cidade de Chaves, situada nessa via e magnífico exemplar da engenharia romana, mantém ainda hoje toda a sua imponência, passados quase 2 000 anos desde a sua construção.

Unindo actualmente as freguesias de Santa Maria Maior, na margem direita do Rio Tâmega, e da Madalena, na margem esquerda, foi alvo de várias intervenções e vicissitudes que foram adaptando e alterando as suas características originais, em função das necessidades e do uso.


Sinopse histórica

Ano 79
Data da erecção da coluna designada Padrão dos Povos, actualmente no Museu Flaviense e cuja cópia(*) está colocada a jusante da ponte, dedicada pelas dez civitates aos imperadores Vespasiano e Tito, ao legado propector de Augustus e à Legio VII Gemina Felix;

Réplica(*) do Padrão dos Povos
existente sobre a ponte
Eis o teor da inscrição nela existente:
IMP (eratori) CAES (ari) VE [sp (asiano) AVG (usto) PONT (ifici)] / MAX (imo) TRIB (unicia) POT (estate) [X IMP (eratori) XX P (atri) P (atriae) CO (n) S (uli) IX] / IMP (eratori) VESP (asiano) CAES (ari) AV [g (usti) F (ilio) PON (ifici) TRIB (unicia) / POT (estate)] VIII IMP (eratori) XIIII CO (n) S [s (uli) VII] / G (aio) CALPETANO RA [ntio Quirinali] / VAL (erio) FESTO LEG (ato) A [ug (usti) PR (o) PR (aetore)] / D (ecimo) CORNELIO MA [eciano Leg (ato) AUG (usti)] / L (ucio) ARRUNTIO MAX [imo Proc (uratori) AUG (usti)] / LEG (ioni) º VII GEM (inae) [Fel (ici)] / CIVITATES [X] AQUIFLAVIEN [ses Aobrigenses] / BIBALI COEL [erni Equaesi] / INTERAMIC [i Limici Aebisoci] / QUARQUE [r] NI TA [magani]".

Interpretação:
Estas dez civitates (povos), a saber, Aquiflaviense (de Chaves), Aobrigenses (de Oimbra), Bíbalos (do vale do Tâmega à encosta do Larouco), Coelernos (de Celanova), Equésios (do vale de Laza), Interâmicos(entre-rios / confluência do Rio Sil com o Rio Minho), Límicos (vale do Lima / Xinzo de Lima), Aebisocos, Quaquernos (Baños de Bande) e Tamaganos (vale de Monterrey / Verin) fazem a presente dedicatória ao César Imperador Vespasiano Augusto Pontífice Máximo, quando gozava da vigésima potestade tribunícia, Pai da Pátria, cônsul pela nona vez. Do mesmo modo ao César Imperador Vespasiano, filho de Augusto, Pontífice, gozando da oitava potestade tribunícia e da décima quarta imperatória, cônsul pela sexta vez (damnatio memoriae de Domiciano). Também a Caio Calpetano Râncio, Quirinal Valério Festo, Legado Propretor de Augusto, a Décio Cornélio Maeciano, Legado de Augusto, a Lúcio Arrúncio Máximo, Procurador de Augusto e, finalmente, a Legião Séptima Gémina Feliz.

Finais do séc. 01 / início do séc. 02
Época provável da construção da ponte sob o Império de Trajano;

Ano 104
Erecção da coluna comemorativa, assinalando a construção da ponte pelos aquiflavienses, à sua própria custa;

Teor da inscrição nela existente:
IMP(eratori) CAES(ari) NERVA / TRAIANO AVG(usto) GER(manico) / DACICO PONT(ifici) MAX(imo) / TRIB(unitia) POT(estate) CO(n)S(ule) V P(atri) P(atriae) / AQVIFLAVIENSES / PONTEM LAPIDEVM / DE SVO F(aciendum) C(uravit).

A sua tradução é:
Sendo imperador César Nerva Trajano Augusto Germânico, Dácico, pontífice máximo, com a potestade tribunícia, cônsul pela quinta vez, pai da pátria; os Aquiflavienses levantaram à sua custa esta ponte de pedra

Representação da Ponte de Trajano no livro de Duarte d'Armas
Séc. 16
Numa representação da ponte no "Livro das Fortalezas" de Duarte d'Armas, são visíveis 14 arcos, intercalados por talha-mares;

Ano 1880
Data de uma das restaurações da ponte, da construção dos pilares cilíndricos, da recolocação da cópia(*) da coluna comemorativa da sua construção e substituição das guardas de granito por grades de ferro.

Década de 1940
Construção de um paredão, espécie de cais, pela Câmara Municipal de Chaves, ao longo da margem direita do Tâmega, estreitando o leito do rio, abafando mais outros 4 arcos, para além dos 4 parcialmente ocultados e, pelo menos 2 outros, na margem esquerda, que já estavam soterrados desde longa data por alguns prédios;

Ano 1980
Durante a dragagem do rio conduzida pela autarquia, descobriu-se, na margem esquerda, a montante da ponte e muito próxima da mesma, um padrão cilíndrico idêntico ao Padrão dos Povos, mas epigraficamente com diferenças e sem permitir a leitura completa do texto devido à erosão provocada pela longa permanência na água. Esta será, em princípio a coluna original(*);

2008
Substituição do pavimento existente em cubos de granito, por lajeado de granito serrado, com elevação da cota inicial.
A partir desta data a ponte passa a ser de uso exclusivamente pedonal.


Características

Fotografia onde se vêem as guardas em pedra, obtida cerca de 1880, antes
da substituição por grades em ferro, ocorrida nesse ano.
Fotografia gentilmente cedida por Rui Queirós
Estima-se que inicialmente a ponte possuiria um tabuleiro com cerca de 140 a 150 m de comprimento e 18 ou 22 arcos, conforme os autores.

Possui actualmente 16 arcos visíveis, 9 dos quais se situam sobre o leito do Rio Tâmega, 3 sobre o cais existente na margem direita, parcialmente cortados na sua altura e os restantes 4, também na margem direita mas tapados e só com os topos visíveis, usados como arrumos dos prédios adjacentes.

Os arcos, de volta perfeita e aduelas almofadadas e com orifícios para encaixe do fórfex, assentam sobre pilares rectangulares.
Possuía inicialmente guardas laterais em granito, entretanto substituídas por guardas metálicas. Para escoamento das águas pluviais, possui lateralmente gárgulas semi-circulares.


Ponte de Trajano - Novembro 2011
Diferenças entre talha-mares
Os talha-mares existentes evidenciam as obras de restauro que ao longo dos séculos se foram realizando, pois se alguns se encontram perfeitamente encastrados na estrutura, outros há que estão sómente justapostos. Alguns deles foram entretanto substituídos por pilares semi-cilíndricos.


O fórfex
De realçar a diferente dimensão de dois arcos e pilares adjacentes do lado da margem esquerda do rio que, segundo alguns autores, denunciam a transformação de três em dois arcos, num processo de restauro necessário pelo eventual desabamento dessa parte da ponte, talvez ocorrido por altura das cheias de 1788 (observar na foto inicial o 1º e 2º pilar e o 2º e 3º arco, da direita para a esquerda).
Nessa zona o talha-mar existente possui dimensões muito superiores aos restantes.


Coordenadas (sensivelmente ao meio do tabuleiro)

41º 44' 18'' N, 7º 28' 1'' O


(*) Existem várias opiniões acerca da originalidade das colunas:
- Enquanto alguns advogam que as colunas existentes (duas sobre a Ponte de Trajano e uma outra no Museu da Região Flaviense) são as três originais, outros há que opinam que só a do museu é original, sendo as outras duas réplicas das originais... 

2011-03-24

Eratóstenes

Eratóstenes (285-194 AC) é uma daquelas pessoas cuja mente brilhante muito admiro.
Grego de nascimento (nasceu em Cirene, actualmente território Líbio), foi convidado por Ptolomeu III, no ano de 246 AC, para ser o tutor do seu filho e também bibliotecário em Alexandria.
Certa altura, lendo um papiro, teve conhecimento que na cidade de Siena, mais a sul, as colunas não produziam qualquer sombra ao meio-dia do dia 21 de Junho. A própria luz do Sol era totalmente reflectida no fundo de um poço, sem qualquer sombra das suas paredes.
Ora, nesse mesmo dia em Alexandria, onde ele residia, isso não acontecia!
O que para qualquer outra pessoa seria um facto banal, sem dar azo a qualquer reflexão, foi para Eratóstenes motivo suficiente para o levar a pensar! Porquê é que assim era?
Começou por contratar um homem para medir a distância entre Siena e Alexandria, tendo obtido um valor (em unidades actuais) de cerca de 800 km. Mediu também o ângulo que a sombra de uma vara fazia com a vertical, em Alexandria, ao meio-dia do dia 21 de Junho, tendo obtido o valor de 7º 12’.
Com estes dados chegou a duas conclusões:
- Para as sombras serem diferentes, a Terra teria que ser redonda, nunca poderia ser plana;
- Se a 7º 12’ (um quinquagésimo de 360º) correspondiam 800 km, a circunferência da Terra (360º) mediria cerca de 40 000 km (50 x 800)!
Sabemos agora que esse valor é exactamente de 40 075 km (se equatorial) e de 40 008 km (se meridional).
Com varas, passos, medidor de ângulos e …, uma mente brilhante, tiram-se estas conclusões!
Fantástico.

2011-03-20

Cromeleque dos Almendres

Por ocasião da Astrofesta de 2004 em Évoramonte, aproveitei para fazer uma visita ao Cromeleque dos Almendres, que se situa perto de Évora (38,557 N 8,061 O).
Trata-se de um extraordinário monumento megalítico com algumas dezenas de menires, dispostos em forma de círculos e de elipses.
A sua construção teve uma primeira fase iniciada no sexto milénio AC e uma última fase já no terceiro milénio AC. Alguns dos menires possuem figuras gravadas.
O local remete-nos para uma paz espiritual, convidando à introspecção.
Simplesmente fabuloso!