O fundo deste blogue é propositadamente escuro, para proporcionar um menor consumo energético.

2017-11-21

Oumuamua - O visitante que veio de longe

Oumuamua - Concepção artística
Viagem interestelar, frase mágica, impossível para o homem, nos tempos actuais, eventualmente possível quando o desenvolvimento tecnológico o permitir...
Contudo, objectos inanimados como este asteróide, conseguem tal proeza...
A uns impressionantes 95 000 km/hora e vindo, ao que tudo indica, da direcção de Vega, na constelação de Lira, deve por lá ter passado há cerca de 300 000 anos - ainda antes do aparecimento do Homo sapeins!
Estima-se que seja um viajante solitário, passeando-se pela nossa galáxia há centenas de milhões de anos, que agora se cruzou com as nossas vidas. 
A sua enorme velocidade impediu que, na sua passagem pelas proximidades do Sol, fosse por ele capturado.
Qual "caminheiro" espacial, continuará, certamente, por muito mais tempo a viajar pelo nosso "jardim". 

2017-03-28

As Estelas de Castelões

A palavra estela, provém do grego stela, que significa pedra erguida ou alçada.
Perto da localidade de Castelões, Chaves, foram encontradas no ano de 2012, duas estelas, distanciadas cerca de 12 metros uma da outra. 
O local do achado ( 41º 48’ 19.87’’ N, 07º 34’ 20.73’’ O) situa-se perto de um caminho que liga Castelões a Meixide, a uma cota perto dos 1000m, de vastíssimo horizonte visual, sem vestígios de qualquer função funerária.
Castelões I (Silva, 2013, p.630, fig.1)

A primeira estela, denominada Castelões I, é um monólito de espessura regular, de granito da região, de tonalidade acinzentada, conhecido justamente como “granito de Castelões”, com muito quartzo e mica preta.
Possui cerca de 1,50 m de altura (dos quais cerca de 0,20 m enterrados), 1,20 m de largura (média) e 0,25 m de espessura. 
O seu reverso é tosco, enquanto que o anverso foi alisado para permitir a figuração.
Possui gravado um escudo ao centro, com cinco círculos concêntricos. 
Por baixo do escudo está uma espada completa, enquanto que à direita existe uma lança na vertical.
À esquerda do escudo, visualiza‑se, em posição invertida, um espelho, de disco subcircular com pé.
De realçar ainda, a evidência da estela ter sido ornamentada na sua orla periférica com um denticulado em zig-zag. 




Castelões II (Silva, 2013, p.630, fig.2)

A segunda estela - Castelões II, é igualmente um monólito, mas neste caso de granito amarelo, não existente na região, com muito feldspato, quartzo miúdo, pouca moscovite e muita biotite.
As suas dimensões são ligeiramente inferiores à outra - cerca de 1,50 m de altura (dos quais cerca de 0,25 m enterrados), 1,15 m de largura (média) e 0,15 m de espessura.
De configuração similar à anterior, com o anverso igualmente plano e alisado e o reverso tosco, ao natural.
A parte superior foi igualmente boleada, enquanto a parte inferior, para enterramento, não terá vestígios de especial tratamento.
O escudo ocupa a parte central, sendo constituído por três aros concêntricos. São notáveis os pormenores do mesmo, com detalhes da pega central e do cravejamento que fixaria as tiras de couro ou capas de metal ao suporte.
 Por baixo do escudo, está figurada uma espada completa, enquanto que na parte superior está representada uma lança com haste comprida e ponta foliácea. 
São ainda notórios os seguintes elementos: uma ponta de lança; um círculo, representando a cabeça e linha dorsal vertical com membros superiores e inferiores abertos; um pequeno canídeo ou cervídeo, com cauda, patas e orelhas ou armadura representadas por segmentos lineares e um motivo geométrico, com dois círculos quase concêntricos. A orla exterior possui igualmente um denticulado em zig‑zag, ainda visível em quase todo o seu perímetro.

Dadas as suas características, poderemos datá-las dos finais da Idade do Bronze.  
Após a sua descoberta, as estelas foram movidas para o local onde se encontram presentemente, em Castelões, onde poderão ser visitadas e apreciadas.

As duas estelas, na localidade de Castelões (foto extraída do blogue "Castelões  - Aldeia Transmontana).

2016-06-05

Andrómeda – A vizinha do lado, que nos vem visitar!


Para nós, habitantes do planeta Terra, habituados que estamos a deslocarmo-nos a pé, de automóvel, de comboio, de avião…, é sempre bastante difícil assimilar as distâncias a que estão os objectos situados fora do nosso lar.
A Lua, nossa eterna companheira, está a uns meros trezentos e oitenta mil quilómetros (380 000 km) de nós - distância média. Este é o número de quilómetros que quase todos os automóveis conseguem superar durante a sua vida útil e é cerca de trinta e duas vezes o diâmetro da Terra!


Se, em vez de quilómetros, pensarmos em anos-luz, ano-luz é a distância que a luz consegue percorrer durante um ano à velocidade de aproximadamente 300 000 quilómetros por segundo, então a Lua está a cerca de 1,2 segundos-luz da Terra. O nosso Sol, encontra-se a cerca de 8 minutos-luz do nosso planeta.
E a nossa vizinha, Andrómeda?


Andrómeda é uma galáxia espiral, maior que a nossa própria galáxia – a Via Láctea, que se encontra a cerca de 2,5 milhões de anos-luz de nós. Possui um diâmetro de cerca de 220 mil anos-luz e alberga qualquer coisa como 10 biliões de estrelas! É perfeitamente visível à vista desarmada em locais sem poluição luminosa e noites sem Lua. Com binóculos ou telescópio, é simplesmente soberba!
Se pensarmos agora que quando a observamos, estamos a vê-la como ela era há 2,5 milhões de anos no passado, ou seja, mais ou menos quando o Homo Habilis surgia na Terra, imaginem a distância…
Ora, devido à atracção gravitacional mútua, a Via Láctea e Andrómeda vão chocar no futuro. Ainda falta um pouco – qualquer coisa como cerca de quatro mil milhões de anos, quando sabemos que pouco mais do que isso é a idade do nosso sistema solar!
Não se preocupem contudo com os danos. Quando a colisão acontecer, a distância existente entre as estrelas de cada uma das galáxias é tão grande, que os choques serão residuais.
Podemos dormir descansados.

2015-10-30

JWST - James Webb Space Telescope

Três anos!
Três anos é quanto falta para o lançamento, previsto para Outubro de 2018, dos novos "óculos" que a humanidade vai usar para ir mais além, no passado, na senda do conhecimento da origem do universo.

Visão artística do telescópio

Um dos principais objectivos da missão do  James Webb é detectar e estudar as primeiras galáxias e estrelas em formação nas idades mais jovens do Universo. Como a luz viaja a uma velocidade finita, demora um certo tempo a chegar até nós, vinda do ponto do espaço que vier. Então, para conseguirmos observar estas primeiras estrelas e galáxias, será necessário olhar para o espaço longínquo, e ao fazê-lo estaremos também a olhar para trás - a viajar no tempo. 
Devido à expansão do Universo, quanto maior a distância a que um objecto se encontra, maior será a velocidade com que este se afasta. De acordo com um fenómeno designado por Efeito de Doppler, a luz que recebemos deste objecto sofrerá então um desvio para comprimentos de onda maiores - para a região dos infravermelhos, deixando de estar na "zona do visível". Como tal, para podermos detectar e estudar estes objectos, teremos de realizar observações na região dos infravermelhos.

Tamanho comparativo entre os espelhos do Hubble e do James Webb
É aqui que surge o James Webb Space Telescope!
Atendendo à zona do espectro em que vai trabalhar, a temperatura deverá ser mantida na zona dos 220º negativos, tendo sido por essa razão escolhido o berílio, como material mais adequado para a execução do espelho.
Com esta maravilhosa ferramenta podemos recuar até cerca de 200 milhões de anos logo após o Big Bang, o qual ocorreu à cerca de 13,8 mil milhões de anos.
A sua localização será no ponto de Lagrange L2.

Com este novo telescópio podemos dar continuidade ao trabalho iniciado com o Hubble e ir ainda mais longe no conhecimento da origem do Universo!

Saiba mais em: JWST
   

2014-11-19

O pilar da tua vida

Átomo de carbono ( a negro, ligando-se a quatro átomos de hidrogénio)
A vida, tal como a conhecemos na Terra, baseia-se no carbono (C).
Devido à sua extraordinária capacidade de, através de ligações covalentes, se conseguir ligar a outros elementos químicos, partilhando os seus electrões, o carbono foi o pilar da formação de vida no nosso planeta.
Porque não uma outra forma de vida, baseada por exemplo no silício?
Como afirmou Carl Sagan, não devemos ser chauvinistas do carbono!
Contudo, devido à importância que o carbono desempenha na existência de vida tal como a conhecemos, é óbvio que se procurarmos vida ou as moléculas que a ela deram origem, iremos numa primeira fase orientar a nossa pesquisa segundo essa via.
Imagem do local onde se encontra a Philae, no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko
Fonte: ESA 


Ora, a Philae, recém- chegada ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, realizou já uma espantosa descoberta: a existência de moléculas orgânicas de carbono! Ainda sem qualquer conclusão adicional acerca da sua constituição e complexidade, é no entanto uma extraordinária descoberta!

2014-11-15

67P/Churyumov-Gerasimenko, o cometa!

Foto obtida a cerca de 10 km do cometa, pela Rosetta.
(Fonte: ESA
Saber mais acerca das nossas origens, é algo que todos valorizamos.
Temos aqueles que se preocupam em desvendar a sua árvore genealógica, saltando de geração em geração. Outros, preferem investigar quem foram os nossos antigos governantes, como governaram, que intrigas aconteceram, o que fizeram (ou não) em prol do desenvolvimento...
Alguns focalizam a sua atenção em determinada civilização, época histórica ou evento!
Existem os que se interessam pela origem da vida e do homem - este será porventura um dos temas mais aliciantes desta procura do saber (excepto, obviamente, para os que preferem "crer"!).
O conhecimento da origem do local onde tudo isto acontece - a Terra e do sistema planetário onde está inserido, não pode nunca passar-nos ao lado.
Nesse sentido, a ESA lançou-se num projecto extraordinário de estudar uma das "testemunhas" dessa altura - o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko!
Longe da confusão inicial que conduziria à alteração das provas, viajando para os confins do sistema e sem, ou com reduzida, interferência de terceiros, os cometas são o local ideal para sabermos com que matérias primas e condimentos se fez o "bolo".   
      

2014-01-15

Yutu - O Coelho de Jade

12 de Janeiro de 2014, Yutu - O Coelho de Jade, acordou!

O Yutu, visto a partir do Chang'e-3

Após um retemperador sono de cerca de dezassete dias, sono forçado, leia-se, dada a ausência de luz solar, o coelho chinês "abriu o olho" no dia 12 de Janeiro.
Tinha chegado à Lua no passado dia 14 de Dezembro, transportado pela nave Chang'e-3.

Chang'e-3, foto tirada pela câmara do Yutu

O local escolhido foi o Mare Imbrium (Mar de Chuvas), não muito afastado de Sinus Iridum, planície de lava basáltica, onde o veículo soviético Lunokhod 1 terminou a sua missão em Setembro de 1971.
Agora, "cheio" de energia, vai desenvolver a sua missão durante um período estimado de 3 meses, percorrendo cerca de 10 km.
Fará uso do seu radar de profundidade, com um alcance de 30 m, dos seus espectrómetros e das suas câmaras panorâmicas.
Todos os elementos recolhidos serão enviados para a Terra, para posterior estudo e análise.

A Terra fotografada a 25 de Dezembro.
( Já não víamos uma fotografia destas desde os anos 70... )

Está de parabéns a China e toda a humanidade.  

2013-02-27

Ei-la, que chega!

                       
                       Pela calada da noite, 
                       ei-la, que chega…
                       Em silêncio,
                       subtilmente,
                       insinuante,
                       como sempre!

                       Não se faz anunciar.
                       Chega de mansinho e,
                       sem bater à porta, instala-se. 
                       As suas visitas são raras.
                       Por vezes nem aparece...
                       Mas quando o faz, que delícia!
                                                                                                                                     Paulo Coimbra










@home, 27 de Fevereiro de 2013, 7:30 AM

2013-02-09

2012 DA14 - O próximo visitante


No próximo dia 15 de Fevereiro, sexta-feira, teremos um visitante a passar no nosso jardim!

Efectivamente, o asteróide 2012 DA14, com um diâmetro aproximado de 45 m e uma massa de 180 000 toneladas, passará a cerca de 27 500 km da Terra, ou seja, abaixo da cintura de satélites geoestacionários. 
Para termos uma ideia da distância, posso relembrar que a Lua se situa a uma distância da Terra que oscila entre os 363 000 km no perigeu e os 406 000 km no apogeu.



Estima-se que existam cerca de um milhão de asteróides de diâmetro inferior a 100 m em órbitas perto da Terra.
As probabilidades de um impacto com o nosso planeta de um objecto deste género é de uma vez em cada 1 200 anos.
Se fosse esse o caso, o seu impacto seria equivalente ao que ocorreu em Tunguska no ano de 1908, o que equivaleria a destruir inteiramente uma pequena cidade.

O asteróide 2012 DA 14 poderá ser observado através de uns binóculos durante algumas horas após o ocaso do Sol do dia 15 de Fevereiro:
Janela de visibilidade: a partir das 19:40 horas, olhando na direcção da constelação da Virgem, até cerca das 02:00 h do dia 16, na direcção da Estrela Polar.
Na imagem à esquerda está representado o  diagrama da sua passagem.

Saiba mais em:
http://neo.jpl.nasa.gov/news/news177.html
http://ssd.jpl.nasa.gov/sbdb.cgi#top
    
Boas observações e..., durma descansado!

2013-01-19

A nuvem de Oort

Nuvem de Oort

Até há bem pouco tempo sabíamos da existência do Sol, de nove planetas, bastantes asteróides e um número indeterminado de cometas.

Agora em vez de nove planetas temos somente oito e três planetas-anões. Contudo, são milhares os corpos menores que  integram o Sistema Solar. 
Para além da órbita de Neptuno, num mundo escuro e gelado, "vive" uma panóplia de objectos que começam aos poucos a ser descobertos e que recebem o nome genérico de Objectos Transneptunianos.

Em primeiro lugar temos a Cintura de Kuiper, região que se estende desde Neptuno (a 30 UA) até 50 UA do Sol (uma UA-Unidade Astronómica, é uma unidade de distância que equivale à distância média da Terra ao Sol, ou seja, aproximadamente 150 milhões de quilómetros). É aqui que "habitam" Plutão e Éris, dois planetas-anões. 
Os objectos desta região recebem o nome de KBO (Kuiper belt objects).

Cintura de Kuiper

Depois temos um "disco disperso", uma região que se estende para o espaço para além da Cintura de Kuiper. Os corpos desta região foram "catapultados" para órbitas extremamente elípticas e inclinadas, devido à interacção gravitacional com os planetas exteriores, em especial Neptuno.
Por fim, bem mais longe, temos finalmente a Nuvem de Oort, de onde se pensa provirem a maioria dos cometas.

A Nuvem de Oort - Escalas das órbitas  
Julga-se que esta Nuvem de Oort envolva completamente o Sistema Solar e contenha biliões de cometas, com uma massa equivalente à de cinco vezes a da Terra.
O seu limite interior situa-se algures entre as 2 000 a 5 000 UA, estendendo-se a mesma até às 50 000 UA do Sol, ou seja aproximadamente 1 ano-luz - lembremo-nos que a estrela mais próxima de nós, Proxima Centauri, se situa a cerca de 4 anos-luz de nós.  Existem contudo algumas fontes que situam o seu limite exterior perto das 100 000 UA.

Tudo indica que a mesma seja remanescente do inicial disco protoplanetário que originou o Sistema Solar, há cerca de 4,6 mil milhões de anos atrás. A hipótese actualmente aceite é que os objectos da nuvem de Oort tiveram a sua origem muito perto do Sol, no mesmo processo que originou a criação dos planetas e asteróides, mas as interacções gravitacionais com os novos planetas gasosos como Júpiter e Saturno expulsaram estes objectos para longas órbitas elípticas ou parabólicas.

Alguns dos principais Objectos Transneptunianos conhecidos