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2012-02-10

Carlos Cruz

Avesso ao sensacionalismo primário, não aprecio os media que o praticam, tentando não dar ouvidos a notícias "sanguinárias".
O caso Carlos Cruz foi, para mim, um desses casos.
Julgado na praça pública, antes de o ser nos tribunais, Carlos Cruz foi vítima, não de uma cabala, mas sim de uma feroz ânsia de conquista de audiências, de venda de jornais e, acima de tudo, de erros colossais no decurso da "investigação", ou se preferir, imaginação de factos .
Ainda não li o livro, mas já li grande parte do acórdão. 
Neste, tudo se baseia em indícios, ressonâncias da verdade (curiosa e sintomática expressão usada pelo colectivo de juízes...), mas, nem uma única e conclusiva prova, mesmo após a inquirição de mais de 900 testemunhas.
Como é possível isto acontecer, Senhores Doutores Juízes?
Não é minha intenção advogar-me defesa de Carlos Cruz, embora tal se possa concluir com esta minha pública opinião, mas sim insurgir-me com o estado da nossa "justiça", que de justiça tem muito pouco. 

Deixo aqui um excerto de um artigo de Mário Soares, publicado no Diário de Notícias do dia 31 de Janeiro, após o lançamento do último livro de Carlos Cruz:

"A democracia não pode ser destruída por falta de Justiça." 
Estas palavras foram-me dirigidas por Carlos Cruz, no fim de uma dedicatória que me ofereceu com o seu último livro, Inocente para além de qualquer Dúvida. 
Tem razão. 
É um livro impressionante da forma como, em Portugal, no século XXI, se pode tentar destruir, durante tantos anos, uma pessoa que se diz, com provas, inocente. Não obstante a presunção de inocência ser uma regra elementar. Enquanto não houver uma condenação, transitada em julgado, mantém-se a inocência.
Em 2004, Carlos Cruz tinha-me oferecido o seu primeiro livro Carlos Cruz, preso 374. Mas confesso que na altura não tive ocasião de o ler, embora lhe passasse os olhos e ficasse convencido da sua inocência. Passaram nove anos e a Justiça ainda não teve tempo de se pronunciar. 
É uma vergonha para Portugal!
No prefácio do atual livro, o grande jornalista e meu caro amigo Miguel Esteves Cardoso escreve de forma muito clara: 
"Leia este livro. Por favor. Esqueça quem é o autor e ponha-se no lugar dele. Apanhará um grande susto. Porque poderia muito bem ser Você." Dá que pensar!
Caros leitores, repito. Leia este livro. Vale a pena, porque revela como o carácter de um homem admirado por milhares de telespectadores tem vindo a resistir e a demonstrar a sua inocência.

Siga a sugestão de Miguel Esteves Cardoso e observe a revolta que sentirá...

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