Indeléveis nas minhas memórias, estão as férias de verão passadas na Figueira da Foz durante a minha infância.
O meu pai sempre apreciou a praia da Figueira da Foz, ao contrário do que era usual aqui na região, onde a ida para a Póvoa de Varzim era uma regra. Saíamos de manhã bem cedinho pois, na época, a viagem que para mim era uma odisseia, era muito demorada. O percurso em si não era dado a enganos, contudo, na travessia dos maiores aglomerados urbanos, era frequente o meu pai não saber por onde seguir, dada a deficiente sinalização. Aí vinha a pergunta sagrada, que eu não mais esqueci de tantas vezes a ouvir: “Por favor, fazia a fineza. A estrada para…” E lá seguíamos nós! Quando a hora de almoço se aproximava, o que geralmente acontecia depois de Espinho, o meu pai procurava um pinhal propício para uma pausa retemperadora. A minha mãe de imediato ordenava à empregada que preparasse tudo para a refeição, confeccionada na véspera. Eu aproveitava para dar umas correrias e explorar as imediações. O apetite era sempre voraz.
Chegados à Figueira e após nos instalarmos na casa previamente arrendada, era preciso ainda ir ultimar os detalhes do aluguer da barraca. Eu morria de ansiedade para ir para a praia com os meus baldes, pás, jogos, formas, etc. Os primeiros dias eram sempre um suplício devido aos escaldões. Só após o 3º ou 4º dia é que a pele deixava de doer. Os dias eram longos e passavam lentamente. O meu pai raramente se expunha ao sol. Preferia ficar à sombra da barraca a ler O Primeiro de Janeiro. A praia era, ao contrário do que agora acontece devido à construção dos esporões, muito perto da casa – bastava atravessar a rua.
Aos domingos nunca íamos à praia, pois havia muita confusão. À tarde, após a sesta, fazia-se o passeio obrigatório à Serra da Boa Viagem. A vista sobre o mar era lindíssima e sempre corria uma brisa.
Aos domingos nunca íamos à praia, pois havia muita confusão. À tarde, após a sesta, fazia-se o passeio obrigatório à Serra da Boa Viagem. A vista sobre o mar era lindíssima e sempre corria uma brisa.
Uma das alturas do dia que eu sempre ansiava, era a chegada da empregada com o lanche. Parece que ainda sinto o odor daquele cabaz repleto de coisas boas… Claro que também não me esqueço das deliciosas “batatinhas fritas à inglesa” compradas no local.
Um ano, já talvez com sete anos de idade, fui para a escola de natação da piscina que existia perto do forte. As aulas decorriam na areia, onde se faziam os movimentos para nadar bruços, “em seco”. Só passados alguns dias é que tínhamos direito a ir para a água para fazer os mesmos exercícios, mas enfiados numas bóias que se encontravam suspensas na água. Conclusão, não aprendi a nadar! Vim a consegui-lo de regresso a casa, na piscina do Hotel Palace em Vidago.
Não posso deixar de referir os deliciosos gelados, saboreados quando acontecia sairmos à noite, por entre os avisos da minha mãe: Olha que o Paulo ainda está a fazer a digestão!
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